quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Quando há sequidão

De repente e propositalmente a corpulência esmaga o organismo!
O barulho era como o crepitar do fogo.
Sensação de regozijo.
A compleição física sentia prazer no que agora estava sob ela.
O que era inteiro tornou-se em pedaços... 
Vários, desiguais, golpeados irremediavelmente.
O organismo nunca mais seria inteiro, nunca mais teria a mesma forma,
Não mais existiria assim que o vento soprasse.
Tudo porque, após o tombo natural do ciclo,
A seiva que abastecia a vida não chegava mais...


Pisei numa folha seca!


terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Bóra", que a borra corrobora!


Acorda pra fazer o café, Maria!
Acorda, que o dia já vem!
Senta, faz-me companhia.
O cheiro é bom, o gosto também!

Cheiro de aconchego, gosto de vida por vir...

Acorda pra fazer o café, Maria! 
Acorda que a tarde aí está!
O dia vai duro, e verte
Um cheiro de lida no ar...  

Gosto de lida extenuada!

Acorda pra fazer o café, Maria!
Acorda, que a noite já vem!
Traz um gosto de descanso, 
dissipando o descaso de alguém!

Cheiro de mágoa mitigada!

E corrobora a borra do café.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Isso é Minas!

     Ah, as Minas Gerais!
     O bairro é calmo e não completamente invadido por prédios. Muitas casas ainda, daquelas de família mineira, com varanda que antes dava pra calçada e onde "as gentes" sentavam e olhavam o movimento, mas onde hoje tem muro que atrapalha, com portões altos que dão a ilusão de segurança.
     Passeava com a cachorra e passei por um desses portões altos e na fechadura, pelo lado de fora, vi uma chave pendurada. Cheguei perto pra ter certeza e resolvi bater a campainha. Ninguém atendeu. Insisti, tocando outra vez. Ninguém respondeu. Atravessei a rua em direção ao salão de beleza em frente à casa... quem sabe ali não conhecessem os donos da casa e pudessem guardar a chave?
     Ainda não havia chegado na outra calçada, quando ouvi o portão se abrindo. Voltei-me  para o portão e sorri. A senhora do lado de dentro olhou meio sem entender.
     - Desculpe incomodar, mas é que vi essa chave (e apontei) aí do lado de fora do portão e achei que seria melhor avisar.
     A senhorinha olhou com olhar desentendido:
     - Mas como assim? Eu não entendo porque essa chave está aqui. O que será que aconteceu? Por que minha irmã não pegou a chave e nem trancou o portão?
     - Pois é, às vezes a gente esquece mesmo! Resolvi avisar porque já aconteceu comigo algumas vezes e sei a aflição que dá.
     - É até perigoso, né? Como você se chama?
     - Maria.
     - E eu me chamo Lúcia!
     - Olá, D. Lúcia!
     - Você é daqui mesmo?
     - Mais ou menos. Moro aqui há 4 anos.
     - Eu morei a vida toda aqui. Me casei e vim pra cá. Criei meus filhos e meus netos nessas ruas aqui.
     - É um bairro gostoso, né?
     - Eu gosto. Minha irmã mora aqui nessa casa. Depois que a gente envelhece é muito bom ter a família por perto. Minha outra irmã mora em Carangola. A gente se vê só de vez em quando.
     - Que bom que uma das irmãs mora pertinho, né?
     - É um pulinho da minha casa! Bom demais!
     Um momento de silêncio, ajeito na mão a coleira da cachorra, olho pra D. Lúcia e faço menção de me despedir pra continuar a caminhada.
     - Maria, Você sabe aquele prédio grande da esquina?
     - Ah! Aquele prédio? Sei... (claro que não sabia!)
     - Pois é, eu moro naquela casa grande ao lado. Aparece lá pra gente tomar um café! Eu gostei de você!
     Sorri:
     - Claro! Apareço sim! Boa tarde, D. Lúcia.
     - Boa tarde, Maria. Deus lhe pague! Muito obrigada pela gentileza!
     Claro que nunca apareci na casa da D. Lúcia pra tomar café, mesmo porque não tenho noção alguma de onde mora D. Lúcia, mas aquele "passa lá pra tomar um café!" me trouxe um enorme aconchego interno.
     Isso é Minas!

terça-feira, 18 de julho de 2017

E pela janela, vozes...

    Como boa mineira, minha avó amava observar o movimento da rua pela janela da sala da casa onde morava. Acho que aprendi com ela a me divertir com isso, apesar de ter sempre a sensação de que estou perdendo meu tempo ou que isso é coisa de quem não tem o que fazer! Parei pra pensar nisso dia desses e percebi que podemos tirar proveito da atividade! Mineiros não são bobos não! É gente esperta, que gosta de aprender com a vida!
     Da janela do quarto onde durmo, vejo (e ouço) o parquinho do bairro. Uma regalia, diga-se de passagem, já que o comum por aqui é olhar pela janela e ver outras janelas... ou apenas paredes! Às vezes abro a janela, quando acordo, pra deixar o sol entrar e não é raro entrarem também várias vozes...
     A da faxineira do prédio na segunda-feira de manhãzinha, junto com o barulho da mangueira de água na calçada (!!!) costumava me irritar um pouco, já que o que eu ouvia era aquela conversa de gente "intrigueira", antes mesmo de abrir a janela ou mesmo meus olhos: "Mas ela disse que ficou com raiva de mim e eu nem liguei. Disse que não tava nem aí pra ela! Quem mandou ela dar 'de cima' dele?". Mas essa faxineira já foi embora! Ufa! (E a atual é muito agradável!)
     A voz de papais e mamães esbravejando um "não sobe aí que você vai cair", ou enaltecendo suas crias com um "muito bem, filha, que lindo!", ou ainda "como você é corajoso e forte!", ao ouvirem os insistentes, porém inocentes chamados de "mãe, olha! Olha pai!", o que, de algum modo, sempre aviva emoções dentro do peito, trazendo gostosas lembranças de quando eu levava minhas duas menininhas lindas e pequeninas ao parquinho. O que me faz pensar ainda que o tempo de fazer isso com meus netos não está mais tão distante! (E o coração até bate mais forte!)
     Ouço também a voz meio sussurrada de homens e mulheres varrendo de um lado pro outro as folhas que, devagar, vão caindo das árvores, ou podando as plantas que insistem em se desenvolver com tanta rapidez, me envolvendo em suas conversas tão cotidianamente curiosas e mineiramente deliciosas!
     Mas o mais gostoso é o vozerio das crianças! E aí não só ouço, como vou, algumas vezes, para o parapeito dar uma de "minha vó".
     Uma escola pública aqui ao lado costuma levar as crianças pro parquinho na hora do recreio ou na aula de educação física. E as vozes costumam chegar ao segundo andar em tons e formas variadas, às vezes meio cochichadas, outras esbravejando, muitas vezes em gargalhadas ou até mesmo como choro. E aqui do alto já me flagrei sozinha também indignada, ou chorando, muitas vezes rindo ou dando gargalhas! Vou acompanhando uma ou outra vidinha numa rápida fração dos seus infinitos momentos e me sinto, de novo, privilegiada!
     "Mariana, olha o que eu consigo!", grita Letícia; e Mariana se auto-desafiando desce também o morro correndo pra mostrar pra Letícia que ela também consegue... mas chega ao fim rolando, com dois joelhos ralados e muitas lágrimas no rosto! Mariana se compadece, mas Lucas começa a rir! Quase grito aqui do alto: "Lucas, que coisa feia!"
     O professor grita: "Entenderam a brincadeira? Vamos começar o jogo então!". E aí a gente escuta os que não sabem perder gritando o tal "assim não vale" ou "vamos mudar de brincadeira, essa tá chata!".
     Tem também as meninas que, brincando "de casinha", vão narrando seus papéis: "agora eu sou a mãe e você é a filhinha. Vou fazer comidinha pra você e você não vai querer comer..."
     Ou os meninos conversando sobre os poderes mais legais de cada um dos seus super- heróis!
     E foi numa dessas conversas de menino, o que por acaso me levou a escrever esse texto, que ouvi a voz mais engraçada e dei uma gostosa gargalhada.
     O menino devia ter uns 5 ou 6 aninhos. Brincava com um amiguinho, cada um encarnando o seu personagem, e então ele diz: "Eu queria ser um monstro que peidasse toda hora!"
     É possível que ele um dia realize seu sonho, mas enquanto isso não acontece, fico aqui da janela torcendo pra que ele vá amadurecendo e consiga lidar com a frustração de não poder ser, ainda, o Monstro peidorreiro!


quinta-feira, 27 de abril de 2017

A Rosa morreu de novo?

Ou: A saga continua...

     Ontem apareceu mais uma Rosa!!!
     Pra quem não conhece a história, escrevi sobre as Rosas vários "posts" atrás! (A Rosa morreu? / Uma casinha em Pequeri)

     Pode ser que seja útil lê-los pra entender o que vem por aí...   (ou pelo menos tentar, já que nem eu sei se entendi!)

     Bem, vou tentar resumir.

     Ontem, minha bem informada tia Ignêz escreve uma mensagem para a minha mãe (e não podemos nos esquecer de que ambas já tinham rido um bocado da história das Rosas!):
     - "Ei Juli! Fiquei sabendo hoje que a Rosa morreu ontem! Mas essa é a Rosa da tia Juracy. Se não fosse trágico, seria cômico. Hahaha bjs"
     Pelo final da mensagem parece que ela achou trágico E cômico!
     Pois bem. Minha mãe caiu na besteira de enviar essa mensagem para nós, suas filhas... E aí começou tudo outra vez!
     - "Rosa? Que Rosa???" - foi a pergunta da Patrícia, minha irmã mais velha, não sem a intenção de fazer uma certa graça!
     A outra irmã escreve:
     - "A Rosa morreu DE NOVO???"
     Minha mãe, então, responde:
     - "Foi a Rosa filha da tia Juracy, aquela bem magrinha."
     Comecei a me sentir um pouco constrangida, já que não sabia nem quem era a tia Juracy, muito menos a Rosa bem magrinha! E aí não tinha nem como ficar triste ou lamentar a morte da Rosa (a magrinha!). Mas pra meu alívio a conversa continuou, e eu percebi que não era só eu que não conhecia a Rosa "magrinha"...
     A irmã mais velha pergunta:
      - "Que Rosa magrinha? A Rosa? A Rosa, pelo que me lembro não era magrinha! Quem é a Rosa da tia Juracy? Mas ela já não havia morrido? Vocês estão falando de uma outra Rosa que ainda não tinha aparecido? Quantas Rosas a gente conhece, por favor???"
     E aí o circo foi armado... de novo!
     A irmã do meio, Tati, diz:
     - "Mãe, afinal de contas, que Rosa é essa agora??? Se continuar desse jeito a gente vai morrer sem saber que Rosa que morreu!"
     E eu pensando: "Gente do céu, enquanto existirem Rosas e enquanto elas estiverem morrendo por aí a gente não vai resolver essa história!"
     Cá pra nós, é um pouco de falta de criatividade dessa gente na família... afinal, quantas Rosas eu ainda preciso conhecer? Decidi então que nunca vou colocar o nome de filha minha de Rosa... mesmo que eu nem filhas mais possa ter! Está decidido!
     Mas a conversa continuou, por meio de mensagens escritas e áudios recheados de gargalhadas desmoderadas.
     A irmã mais velha, que, sem querer ofender ninguém, é a mais desajustada de todas, continuou a conversa:
     - "A Rosa da tia Juracy não é a doidinha que já tinha morrido???"
     Minha resposta:
      - "Não Patrícia! Morreu tá morrido!!! Não morre de novo!!! Já foi! A doidinha já morreu. Essa pelo menos a gente tem certeza que sim. Não temos?"
     E ela insiste, agora com áudios:
     - "Pois é! Eu não lembro da Rosa magrinha!  A Rosa Rosa não era magrinha, era bem gordinha!"
     E eu me perguntando quem seria a Rosa Rosa... as duas que conheci eram gordinhas!
     Mas ela não pára:
     - "Eu me lembro da Rosa grávida, e aí ela não era magrinha! Rosa magrinha não existe!"
     Concluo: "Ok, a Rosa Rosa é a babá, não a doidinha e nem a magrinha!"
     E ela inconformada:
     - "Gente, não dá nem pra ficar triste! Porque eu vou ficar muito triste quando a Rosa Rosa morrer! Mãe, a Rosa Rosa já morreu? Pelo que eu sei, ela não morreu, certo?"
     A outra irmã verbaliza a minha pergunta anterior:
     - "Mas quem é a Rosa Rosa, Patrícia?"
     A irmã mais nova, Carol, (imagino que revirando os olhos!) diz:"A minha rosa está ótima!"
     A irmã do meio, Tati, começa a engasgar de tanto rir!
     E eu me sentindo ainda mais constrangida, pois não conseguia conter as gargalhadas! A notícia era pra ser triste! A Rosa magrinha tinha morrido e a gente estava engasgando de tanto rir! Isso não se faz! Pobre tia Juracy! Aliás, será que a tia Juracy já morreu também? Porque aí o meu constrangimento poderia, talvez, ser um pouco menor...
     A irmã mais desajustada dá a cartada final:
     - "Imagina um desavisado vir contar pra gente que uma Rosa, sua mãe, morreu, sem saber de nada e a gente dispara a rir!"
     Mas era quase isso que estava acontecendo e haja mesmo constrangimento, pois ao imaginar nós todas juntas numa cena como essa, eu realmente entrei numa crise de riso sem volta!
     Segue-se uma sessão de áudios com muitas gargalhadas e vários outros disparates!
     Pra encurtar a conversa e colocar um ponto final (Será??? Ou enquanto existirem Rosas essa conversa de maluco perdura?), hoje minha mãe escreve:
     - "Olha, vou explicar!. A Rosa do tio Antônio, a doidivanas, morreu."
     E nessa altura não posso deixar de me perguntar... Quem usa o termo doidivanas??? Pobre Rosa, além de morrer ainda é chamada de "doidivanas"!
     Minha mãe continuou:
     - "A Rosa que trabalhou conosco no Rio, aquela que ficava torta (mais risadas!), morreu. A coreógrafa amiga da Carol não sei se morreu. A última Rosa que morreu é esta, a magrinha, filha da tia Juracy, e a minha rosa murchou!"
     Imediatamente mandei mensagem pras minhas filhas: "Vocês estão terminantemente proibidas de colocar o nome Rosa em qualquer filha que porventura tiverem!".
    Confesso, o cruel pensamento foi "Vai que morre e a gente fica confuso tudo de novo!".
    E a próxima mensagem foi pra minha mãe: "Mãe, e a tia Juracy? Já morreu?"


sexta-feira, 31 de março de 2017

O dia da Juju chegou!

     Daqui a dois dias minha filha mais nova faz aniversário. Vinte e um anos!
     Aniversário pra ela não é qualquer data. Na verdade, nem é uma data especial! A realidade nua e crua é que Aniversário da Juju é aquele dia em que o mundo tem que parar, dar parabéns pra ela e dizer o quanto ela é especial! 😉
     Mas ela o é, e por isso comecei esse texto!
     Algumas vezes, confesso, já fiquei ansiosa e talvez um pouco estressada pensando no que fazer pra que o dia não só não passasse em branco, mas também para que fosse um dia especial pra sempre! E tinha que ser o dia do aniversário de verdade e o dia da comemoração! Sempre foi assim! 😁

     Quando se é criança, nem é tão difícil. Criança tem o sorriso fácil, a gratidão por pequenas coisas é natural (inclusive dar presente pra ela era muito fácil e barato, né Juju??!!! 😆). E as festinhas eram sempre muito bem aproveitadas! Principalmente se a mamãe aqui fizesse bolo de cenoura em forma de borboleta com confete e também brigadeiro... muuuuuito brigadeiro! (É, desde muito pequena ela tem obsessão com brigadeiro, é só ver o filme do aniversário de UM aninho!).


Na adolescência, porém, não foi tããão simples. Meio de semestre, sempre época de elaborar e corrigir provas, tempo escasso e certo estresse no trabalho... e lá vinha ela com a festa (ou o "evento", se preferir!) toda planejada e com as tarefas todas que me cabiam! Mas vê-la sorrindo e feliz, comemorando a vida com amigos e família era sempre um presente que eu ganhava no dia que era dela!
     Hoje ela não é mais criança nem adolescente, amadureceu; está um pouquinho menos "exigente", contudo não menos especial!
     Sempre foi muito espirituosa, engraçada, divertida, geniosa, determinada, intensa! Talvez por isso, nada era simples nunca!😜 Quando ria, tinha ataque de riso. Quando chorava, tinha crise de choro! Como dizia a professora do jardim de infância na Alemanha: "Sie hat viiiiiel Temperament! Es kommt alles aus dem 'Bauch'!" Bem, não vou nem tentar traduzir. Ao pé da letra inclusive faz pouco sentido, mas é mais ou menos o seguinte: "Ela tem muita personalidade! Age com intensidade pra tudo!"; e olha que a criaturinha tinha só 3 anos!
     Depois da Juju, o dia a dia realmente se tornou nada comum. Ela sempre tinha algo especial a acrescentar, que fosse uma birra (!) ou uma surpresa que ela mesma teria preparado pra mim! Eu a vi crescer com muita alegria e com uma satisfação inexplicável dentro de mim!
   
 Hoje ela é uma mulher! Uma linda mulher! Ainda mais determinada e muito consciente do seu entorno. Claro que, como mãe, meu peito se enche de orgulho ao percebê-la tão madura, tão dona de si, tão esforçada nas suas responsabilidades e tão pronta a servir. Não digo que não tenha fraquezas, todos as temos! Não digo que não dê passos em falso aqui e ali, quem nunca não os deu? Mas no meu coração, o que percebo é uma gratidão enorme por tê-la na minha vida e um amor indizível, sem tamanho! Quem é mãe sabe!
     Hoje li uma frase em um texto, por sinal muito sensível, da Mari Furst Viza que me fez pensar em tudo isso - "o pequenino grão me trouxe para fora, quando, na verdade, fui eu que lhe apresentei a vida" - (você pode ler o texto na íntegra clicando aqui: Semente).
     O grãozinho que a Juju foi, me trouxe "pra fora", me deu mais vida, quando na verdade, fui eu quem lhe apresentei a vida.
     Hoje ela não é mais apenas grão, ela é planta robusta, regada com muito amor nosso e do Pai! O mesmo Pai no qual ela crê e com quem fez uma aliança. Seu amigo maior! Hoje ela é a Júlia, que se preocupa com o outro e, com sensibilidade, acolhe o mais fraco. Que tem amor no olhar, no abraço e no afago! Mas nunca vai deixar de ser a "minha Juju", de voz rouquinha e gargalhada solta! Minha Juju beijoqueira, consoladora (Juju Trösterin!), que gosta de abraço e cafuné!
     Lendo o diário que fiz de sua infância, me emocionei quando li uma de suas histórias, que resume um pouco da simplicidade, alegria, vitalidade e energia ainda tão presentes na minha menina. Eu escrevi:

"Ju está com dois aninhos. Brincando com o papai na areia, olhou pra cima, toda satisfeita e gritou alto e gostoso: 'Bigada Jesus'!"

     É isso! Obrigada Jesus, pela vida! Pela minha Juju! Por nos ter feito mãe e filha!
     Te amo, amor da mamãe!

domingo, 5 de março de 2017

O Cabeça Branca, o bebê Davi e o Sabiá que virou canção

        Esses dias, foi postado no facebook pela Liz Valente, artista multitalentosa, sensível e que eu amo muito, um lindo vídeo (que eu compartilhei), com a canção "Sabiá". Ver o vídeo me trouxe de volta várias emoções e sentimentos e por isso resolvi escrever pra desafogar.
        A filha mais velha, Lis (sim, o nome é igual, só que a "minha" Lis é com "s"! 😉), tinha se casado há alguns dias. Uma festa linda, muita alegria e agora estávamos curtindo a companhia de amigos que tinham vindo de muito longe pra celebrar conosco.
        O cenário: Inhotim, um museu de arte a céu aberto nas montanhas de Minas.
        A companhia: a melhor possível.
        O dia: sete de setembro, feriado. Um dia agradável, sem muito calor, boas conversas e muita coisa bonita pra ver e mostrar.
        Eu ainda meio fraca, me recuperando de uma cirurgia recente, andando devagar, sentando de tempos em tempos, mas feliz... muito feliz com tudo!
        O celular do meu marido tocou... era minha filha mais nova, Júlia, e a notícia era preocupante: O Reve (reverendo Élben César) tinha sofrido uma queda em casa e batido a cabeça. Parecia sério. Ela ainda não sabia muita coisa, mas ia procurar se informar e nos daria notícias ao longo do dia. Ligou pra que pudéssemos estar juntos em oração.
        Continuamos nosso passeio, mas o coração agora estava meio apertado... quão sério seria?
        Os amigos queridos entenderam nossa preocupação. Fizemos algumas orações durante a caminhada, assim desse jeito mesmo, alto, falando uns com os outros. Eles conheceram o Reve e também entendiam o espaço que ele ocupava no nosso coração.
        Júlia ligou mais algumas vezes e às ligações dela somaram-se mensagens de gente amiga nos dando mais um e outro detalhe, mas sem muitas novidades. (No fim daquele dia soubemos que o Reve seria transferido pra Belo Horizonte e que ele estava inconsciente).
        No final do dia, quase saindo do parque, meu marido Zilbinho estava mais à frente com as "crianças" (que já são adultas), o Markus um pouco atrás deles e eu e Dörte indo mais devagar, contemplando o dia que se despedia de nós. Íamos conversando sobre essas esquisitices da vida, sobre esses acontecimentos inesperados, as surpresas nos caminhos traçados por nós... e foi quando ouvimos um canto! O canto era forte, definido, determinado, mais um acontecimento inesperado! Desviamos o olhar do pôr do sol e ficamos as duas olhando pra cima tentando ver de onde viria o canto... e de repente vimos, lindo e majestoso, o Sabiá pousado num alto galho de uma árvore, bem acima de nós. Ficamos ali, sem dizer palavra, só ouvindo, maravilhadas! Markus veio se achegando, também maravilhado!
        Aquele sabiá sabia! Sim, ele sabia! E estranhamente eu me sentia confortada com aquele canto...
        Saindo do "êxtase" do momento, Dörte se pôs a assoviar a melodia, tentando imitar o sabiá. Fomos de encontro aos outros, Dörte ainda assoviando e Zilbinho já com o celular preparado pra gravar aquele assovio, ouvindo de longe o sabiá.
        Claro que a melodia virou canção! Ganhou algumas frases avulsas, enquanto no decorrer da semana íamos recebendo as notícias sobre o Reve. E a dor maior era pensar que, se ele realmente partisse, se Deus realmente achasse por bem levá-lo, ninguém teria se despedido dele... e nem ele de ninguém! Pensamento estranho aquele!
        Zilbinho pediu a ajuda da Liz, que já ia no seu último mês de gestação, pra escrever a letra. Ela, com certeza, teria muito a dizer, inspirada pela chegada de uma vidinha sua, embalada pelo amor de Deus por ela ao lhe conceder a segunda chance de ser mãe.
        E ficou aquele paradoxo no ar...
        O Davi nasceria em poucos dias! E o Reve?
        E a letra da canção, então, surgiu...
        O Davi nascia, o Reve aos poucos partia...
        Muita alegria... muita dor... muita presença e vida... muita ausência e saudade... todos os sentimentos de uma intensidade indizível e de uma contradição constrangedora!
        Nossas mãos e corações se uniam em oração!
        Lembrávamos da cisma do Reve em escrever a lápis, não se rendendo nem à maquina de escrever antes e nem ao computador depois, e isso nos fazia sorrir com ternura. Pensávamos em sua insistência em dividir o Amor de Jesus com cada um que cruzava seu caminho, o que nos reportava ao lema que adotou quando fundou "o jornal" (hoje revista e editora!) Ultimato: "Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo". Ele tinha coração sensível e mente inquieta, no bom sentido! E eu pensava: "Que bom! Que bom que ele sempre quis dividir isso com todos! Que bom que ele escreveu tanto! Que bom que ele não fez pouco caso do dom que Deus lhe deu!"
        E pensávamos no Davi, aquele serzinho já se preparando pra ver a luz do dia, já em posição de querer conhecer de perto aquelas vozes que com certeza já ouvia. O Davi, irmão do João "Valentim". E eu pensava: "Deus é bom!" Oramos por aquelas crianças antes de elas existirem! Acho que Liz e Pedro Paulo nunca duvidaram, apesar de algumas circunstâncias adversas e de alguma espera. E aí estavam eles: o João, já aprontando deliciosamente do lado de fora, e o Davi, pronto pra vir fazer companhia pro irmão, pra começar uma linda aventura como parte da família Valente.
        E assim foi!
        Davi nasceu às 15:40 do dia 5 de outubro de 2016. O Davi, o novo vizinho do Reve e tia Deja, morador da casa recém construída ao lado da deles. O Davi, filho do Pedro Paulo e da Liz; Liz, que desde que nasceu tanto aprendeu com o "cabeça branca", a Liz , filha do Delly e da Luci, os desbravadores do bairro Cidade Jardim, onde hoje todos moramos (eu e Zilbinho também, ainda que fora por uma temporada), bairro onde o Reve morou por mais ou menos 20 anos.
        O Reve se foi no dia 06 de outubro de 2016, à 01h08 da manhã. O Reverendo Élben, o "nosso" Reve, o pastor amigo, aquele que sempre nos desafiava a sermos amigos íntimos de Deus, o Reve, visionário e pronto pra servir, O Reve que nos fazia rir muito com as suas "trapalhadas" linguísticas, o Reve que amava a "Deja bandeja" e espontaneamente demonstrava que o casamento é uma aventura que vale muito a pena, o Reve que amava as estatísticas "a serviço do Reino", o Reve que nos constrangia com seu exemplo de fé e simplicidade, o Reve...
        O coração estava oficialmente dividido: tristeza e alegria faziam uma dança louca no meu coração! Mas no meio disso tudo, de uma forma que não sou capaz de descrever, de explicar, havia muita paz e gratidão!
        A paz, creio, era fruto da certeza do encontro do Reve com o Pai, que Ele tanto amava e a quem serviu tão piedosa e apaixonadamente por 86 anos. A gratidão era por esses 86 anos, em TODOS os sentidos!
        A paz vinha também de pegar o pequenino Davi no colo e sentir a serenidade no bater do seu coraçãozinho, na sua respiração rápida de recém-nascido, na sua entrada pra linda aventura da vida. A gratidão pelo nascimento do Davi, tão esperado, tão amado, em meio a uma família que tem o carimbo do amor do Pai.
        E no meio disso tudo, essa canção, "Sabiá", que estranhamente continua me confortando, ainda que faça as lágrimas brotarem quando a ouço.
        Não mais tristeza, ficou a paz e a gratidão.
        Na rua A do bairro Cidade Jardim,  não veremos mais o Reve de bermuda, papéis e livros na mão (sempre!), caminhando com seu jeito peculiar, indo em direção à Ultimato.
        Na rua A do bairro Cidade Jardim veremos o Davi correndo, andando de bicicleta e jogando bola com o João, que já vai desbravando o espaço com muita energia.
        E assim a(s) vida(s) segue(m) seu caminho...
        Com vocês, a canção Sabiá (e, no final do vídeo, a Rua A!)

(Eis o pequeno Davi no colo de sua vizinha, para ele a Vó Deja, numa foto feita por Liz, sua mãe:)



domingo, 22 de janeiro de 2017

Quando a tragédia vira comédia.

     E porque me lembrei do síndico...
     Eu devia ter uns 14 anos. A cidade era Brasília, a que ERA "minha"! A quadra era a SQS 310, o bloco era o F e o apartamento o 507.
     Lá, no apartamento, aconteciam muitas coisas esquisitas, porém hilárias! Alguns acontecimentos foram, no entanto, tragicômicos, como o que relato agora.
     Eu estava no meio do banho, toda ensaboada, quando comecei a ouvir a gritaria. Não me abalei! Numa casa com cinco mulheres e mais algumas agregadas, gritaria era o que não faltava!
     Nesse dia a agregada era a Bel, a divertida e querida Bel! Ela estava passando uma temporada conosco e tinha ido levar minha mãe a uma farmácia pra tomar uma injeção, tamanha a grandeza da gripe dela, "tadinha"!
     A irmã mais velha andava na casa do namorado, como sempre! A irmã do meio devia estar vendo algum programa entediante na TV, junto com a Nilsa, que era nosso braço direito e esquerdo na época e que, por sinal, estava grávida de uns 8 meses! Meus cachorros, Crica e Dito, dois pequineses por nós mimados e amados, deviam estar dorminhocando na sala de TV junto com Nilsa e Tati.
     Percebi que a gritaria ficou mais séria. Abri a porta do box (porque a do banheiro sempre estava aberta quando não tinha visita!) e gritei: "Que que tá acontecendo?". Ouvi um "Tá pegando fogo!" em tom desesperado. Dei um sorriso e voltei a me ensaboar. Mas alguma coisa me dizia que dessa vez era sério... e percebi certa correria de gente dentro de casa! Saí ensaboada do box, me enrolei na toalha e corri pro meu quarto. Quando lá cheguei, vi que a parede do canto, por trás do meu armário, soltava uma fumaça esquisita. Era um incêndio? Era um incêndio!!!! Na minha casa!!! Minha reação foi sair correndo dali! Mas eu precisava colocar uma roupa! Corri no quarto da irmã mais velha, abri o armário e peguei a primeira roupa que eu vi. Para o meu azar, era um vestido que tinha um certo avental "style" (se é que isso existe!) que se enrolou no meu pescoço. Eu não conseguia me ver livre daquilo de jeito nenhum! Aquelas coisas que acontecem só quando você tem muita pressa! (Quem coloca um avental num vestido se não é pra cozinhar, gente???). No fim, consegui me ajeitar dentro do vestido que, horas depois, fui perceber que estava não só do lado do avesso, como de trás pra frente! Quando finalmente me vi vestida (pelo menos por cima!), tratei de pegar meus cachorros no colo, um em cada braço. O corpo tremia de pavor só de pensar que eles poderiam morrer queimados caso ninguém se lembrasse deles por causa da correria e do medo. Comecei a chorar só por pensar na hipótese... ou de nervoso mesmo, sei lá! Daí, me juntei à minha irmã, que já se esguelava correndo pra lá e pra cá pedindo socorro, me esguelando também e, ainda, no apoio moral (pois não poderia largar os cachorros!), à Nilsa que, mesmo com aquele barrigão, tentava  encher de água os poucos baldes que tínhamos em casa para jogar no fogo, o que, a propósito, não estava ajudando em nada! A mesma coisa fazia a minha irmã mais velha, que havia chegado e eu nem tinha percebido (ainda bem que ela nem notou que o vestido que eu mal vestia era dela!).
     De repente, alertado pelos nossos gritos agudos de desespero, rompe à porta da cozinha um muito amigo nosso, Leandro, já com o extintor de incêndio na mão, e outros dois rapazas. Avaliou rapidamente a situação e correu em direção ao quartinho da Nilsa, de onde vinha o fogo! Aos poucos o fogo foi se extinguindo. Quando me virei, a minha casa, além da grande quantidade de água no chão, estava invadida por um monte de gente desconhecida (e nesse momento senti um grande alívio de ter conseguido colocar pelo menos o vestido, ainda que totalmente desacertado - eu e os vestidos!!!). Uma dessas pessoas era um tal síndico, baixinho, de cabeça branca (se minha memória não me engana!) e que seguia a Nilsa de lá pra cá, de cá pra lá, explicando que, quando se acende uma vela, tem que ter cuidado; que existia um suporte bem baratinho do supermercado para se acender velas com mais segurança; que ela devia ficar mais atenta ao que havia ao redor de uma vela acesa; que... que... que... Vi o rosto da Nilsa ficando vermelho e ela tentando se controlar, quando percebeu um cochicho do síndico com um dos bombeiros (sim, eles chegaram depois que o fogo já tinha sido heroicamente apagado pelos nossos amigos!). Ele dizia: "É porque a dona do apartamento é desquitada!". Numa reação de fúria, Nilsa explodiu na cara do síndico: "Ah tá, porque só em casa de mulher desquitada é que pega fogo? Some daqui!" Posso não me lembrar direito se os cabelos do síndico eram mesmo brancos, mas da cara engraçada de espanto dele nesse momento eu me lembro bem!
     Pra complicar, o telefone tocou! Eu, agarrada aos meus cachorros e meio confusa com tudo, achei que não era hora de atender ninguém, mas a Nilsa correu pra atender. Era a Bel, aquela lá do começo do texto, a divertida e querida Bel que tinha ido levar minha mãe pra tomar uma injeção na farmácia.
- Nilsa, vou levar a Juli pra tomar um chopinho antes de ir pra casa. Ela está precisando de ar puro! Está tudo bem por aí?
- Tá sim, Dona Bel. Só o apartamento que pegou fogo!
      Até hoje fico tentando imaginar a reação da Bel, que, em princípio, deve ter pensado que era piada da Nilsa! Ela, então, disse que pegariam um táxi imediatamente pra casa.
     Nesse ínterim, vejo minha irmã do  meio gritando pela janela do nosso quarto, aquele mesmo que estava com a parede enfumaçada que me deu medo anteriormente:
- Chamem a Rede Globo, seus bobões (ela disse coisa pior, provavelmente, mas vamos ficar com os bobões mesmo)! Vocês ficam aí que nem um monte de urubu! Liguem pra Globo! Assim pelo menos a gente aparece na TV!!!
     Resolvi ir esperar minha mãe lá em baixo. Quando saí do elevador, vi aquela quantidade de gente em frente ao prédio, todo mundo olhando pra cima, uns com cara de assustados, outros com cara de reprovação. O táxi chegou e fui ao encontro de minha mãe que me perguntou:
- Gente, que confusão é essa aqui? Tem até bombeiro! Pegou fogo no prédio?
     Minha perna bambeou! A Bel não tinha contado nada; talvez tivesse esperança de ser só uma piadinha da Nilsa...
     Respondi:
- Sim, mãe! Pegou fogo!
- Onde?
- Lá em casa!
- O quê??? (e não esqueço sua cara gripada de pavor!!!)
     Ali acho que a gripe deu adeus ao seu corpo! Minha mãe correu pra dentro do elevador e  subiu.
     Confesso que, fora o cheiro de queimado que ficou nas minhas narinas por meses, minhas memórias vão só até aí, com exceção de notar, horas depois, a confusão que arrumei com o vestido e mais um detalhe no dia seguinte: minha mãe sentada na cabeceira da mesa, mexendo num monte de papéis e documentos e dando um grito de felicidade porque acabara de descobrir um papel de seguro contra incêndio! Yeees! No meio daquele desalento todo, minha mãe  nem se lembrava, mas havia feito anos atrás, um seguro contra incêndio para o nosso apartamento que venceria poucos dias depois dessa tragédia! Era o tal cuidado que vinha lá de cima e que a gente ainda nem tinha ideia de que existia! O que também talvez explique o bujão de gás que não explodiu, mesmo estando do lado do fogo!
     Bem, o fogo destruiu parte do quarto da Nilsa, preteou a parede do meu quarto e "nada mais"; digo, nada de mais grave! UFA!
     O que sei é que meus cachorros ficaram a salvo, o vestido/avental nunca mais quis saber de mim e nem eu dele, e o síndico, ou a lembrança dele, nos fez dar risada pelo longo tempo em que ainda comentamos sobre o incêndio!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

E viva o síndico!

     Falar mal do síndico... quem nunca?
     Aliás, o síndico é uma figura interessante!
     Na minha cabeça é um sujeito baixinho, de cabeça branca, com muita vitalidade e que se intromete em assuntos sobre os quais ninguém lhe pediu opinião. (O porquê desse estereótipo conto num outro dia!)
     Mas há também aqueles que imaginam uma senhora carrancuda, que só sabe falar brigando e que em vez de dar bom dia, vem dizendo que o pagamento do condomínio está atrasado.
     Muito poderia eu explorar sobre o tema!
     Alguém aí tem uma boa imagem pra compartilhar?
     Mariana sim!
     Vivia ouvindo sua mãe reclamar disso ou daquilo no prédio e seu pai responder sempre a mesma coisa: "Fala com o síndico! Ele resolve!"
     Se resolveu ou não alguma vez, Mariana não tem nem ideia, mas ela tinha certeza de que o síndico só podia ser um desses super-heróis que tem solução pra tudo!
     Ela não sabia a cara dele, mas o imaginava com olhos amáveis e sorriso largo, sempre pronto pra ajudar!
     Uma vez ela estava no playground com sua coleguinha, quando viu o menino do 507 cair do trepa-trepa. Todo mundo ficou assustado e ela, sem demora, disse: "Chamem o síndico!" Mas o menino não havia se machucado, e concordamos com sua mãe quando, ao consolá-lo, lhe disse: "Foi só um susto", apesar da cara amedrontada da criança! E já que estavam no playground do prédio, ninguém estranhou muito o apelo da Mariana!
     Uma outra vez, sua mãe estava ajudando numa lição de casa e ficou confusa com alguns termos do dever de ciências. A menina esperou sua mãe organizar as ideias, mas achou que estava demorando demais e rapidamente sugeriu: "Mamãe, vamos perguntar pro síndico?"
     Até que um dia, na hora do jantar, Mariana começa a se chatear gravemente com uma discussão iniciada por sua mãe, na mesa. Parece que tinha a ver com a temporada que a sogra passaria ali com eles. A discussão começou a ficar bem séria e Mariana começou a tapar os ouvidos, incomodada com tanta gritaria! Mas parece que ninguém percebeu o ato da menina... Era pra ficar feliz com a vinda da vovó ou não? Começou a ficar confusa... Até que, determinada como era, Mariana subiu na mesa, colocou uma mão pra cima e gritou também: "Parem já com isso! E estou indo imediatamente chamar o síndico!"