quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Tombinho à-toa!

(diria a direção do filme: baseado em fatos reais... rs)

    Eu estava lá em cima, meio reclusa, tentando manter meu silêncio interno pra relaxar e fazer minhas orações quando escuto aquele estrondo... é... porque não foi apenas um barulho!
    Pulei da poltrona e desci as escadas correndo... aliás, nem tanto, pois as pernas não obedecem mais tão instantaneamente aos comandos do cérebro!
    A cena era hilária e trágica... Naninha com a bunda enfiada na armação de madeira da mesinha de canto e o vidro da mesa todo quebrado em volta dela!
    Fiquei, por alguns segundos, tentando imaginar como ela tinha conseguido aquela façanha! Fiz mil contas e esbocei vários itinerários pra tentar entender COMO... como ela tinha ido parar ali!
    Naninha era mestre na arte do tombo. Isso todo mundo já sabia, mas ela ultimamente estava conseguindo se superar na criatividade!
    Voltei à cena e, primeiro, parei pra ver se havia sangue! (Sim, porque se tem sangue, a coisa se configura na escala do "parece grave" até "é grave de verdade"!).
    Percebi um ou outro corte leve na mão esquerda mas, milagrosamente, Naninha parecia inteira, com todos os seus 84 quilos enfiados ali naquele pequeno espaço de 0,6m x 0,6m...
    - Naninha do céu, o que aconteceu? - perguntei. - Como você conseguiu isso? Você consegue sair daí?
    Ela me olhou, com o olhar ainda meio perdido e disse meio agoniada:
    - Me tira daqui!
    A vontade de rir veio quase que incontrolável. Me contive! Não era hora, certo?
    Peguei suas mãos e puxei Naninha do jeito que consegui... a cena que se seguiu foi ainda mais inacreditável! Naninha sentiu uma fisgada no pequeno corte da mão e puxou meu braço... eu desequilibrei e caí em cima dela, batendo o supercílio na quina do armado de madeira... aí entrei na escala do "parece grave" até "é grave de verdade", pois o sangue começou a escorrer lento e quente sobre os meus olhos!
Eu ainda tonta com a dor no corte, tentando mais uma vez entender o que estava acontecendo, ouço Naninha inquieta embaixo de mim:
    - Sai de cima de mim! Me tira daqui! E que ninguém apareça pra ver a gente nessa situação ridícula!
     Consegui levantar minha cabeça e aí foi que Naninha viu o desastre! Se apiedou e começou a gritar:
    - Meu Deus! Hoje é dia das tragédias! Rosa, ô Rosa, cadê você? A Fiica tá se esvaindo em sangue aqui! Roooooosa! Me ajuda!!!!
    - Pára de ficar gritando no meu ouvido, Naninha! Me deixa levantar daqui e vê se não faz corpo mole pra ver se eu te tiro daí!
    - Pára você, Fiica! Vocês está se esvaindo em sangue! (e a voz era no tom dramático das novelas!). Ô Rooooooosa!
    Rosa apareceu "abaforida" e, quando viu a cena, se desesperou e saiu gritando:
    - Seu Nôno, ô seu Nônooooooooooo, acode aqui!!! Aquelas duas estão embrulhadas no sangue e a gente nem sabe dizer quem machucou quem! Seu Nônoooooo!
     Eu tinha que sair dali  e tirar a bunda da Naninha daquele buraco antes do Nôno entrar pela porta... a história ia ser a sensação do Natal daquele ano caso Nôno visse a cena! Passei as costas da mão no olho, limpei um pouco do sangue e me levantei (não sem algum esforço!). Naninha resmungava por baixo de mim...
     - Duas mulé véia desse jeito tendo que passar por uma coisa dessa! Era só o que me faltava!
     A vontade que eu tive foi de juntar as bochechas dela e dizer:
     - Nada disso estaria acontecendo se você não tivesse tido a brilhante ideia de enfiar a sua bunda, não sei porque cargas d'água, nessa pobre mesa de canto!
     Me contive! Naninha era desastrada e sofria por isso! Tinha sempre um ou mais roxos em algum lugar do corpo. Quando cozinhava, sempre se queimava... ou a comida. Já fazia algum tempo que eu não deixava ela lavar o banheiro... por duas vezes ela escorregou e a coisa poderia ter sido trágica; e esse seu jeito lhe rendia todas as chacotas por parte de todos da casa.
     Já de pé, aprumada, tentei mais uma vez puxar Naninha. O supercílio latejava e não parava de sangrar. Naninha se mexeu e conseguiu, depois de um movimento brusco e muito esfolar de pele, tirar a bunda da armação, apoiou os pés e consegui, então, puxá-la no seu primeiro impulso. Era vidro pra tudo quanto é lado!
    Salva Naninha, agora era vez de ver o supercílio... neste momento entra Nôno e Rosa...
    - Ué? Cês já saíram do bololô? - retrucou Rosa.
    Nôno passou os olhos ao redor, olhou pra mim e disse:
    - Você está sangrando! Que que houve aqui?
    E Naninha, então, disparou a rir e disse:
    - Dois tombinhos à-toa, Nôno! Mas o da Fiinha foi muuuuuito pior! Leva ela lá pra dar ponto, vai!
    E saiu caminhando no seu passo tão lacônico quanto o resumo da história. Virou pra trás e acrescentou:
    - Eu só queria matar a mosca que estava lá em cima, no vidro da janela. É mosca do berne... nojenta!
    E uma moscou pousou no meu nariz!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

É manhã...

Um amigo, um sofá, um chá e algumas palavras.
Poucas... somente as necessárias.
E as mais íntimas vão sendo colocadas numa folha de papel, em forma de oração!

sábado, 17 de agosto de 2013

Arrogância?

Permita-me publicar aqui um texto com o qual me identifiquei... ok, ok, não totalmente, mas em grande parte!!! :)

A arrogância segundo os medíocres

“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências  quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.
Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”.
Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos).
Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”.
Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem.
Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento.
Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!
Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante.
O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma:
1. Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc.
2. Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc.
3. Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; INSOLÊNCIA: “…e atirou-lhe com arrogância o troco sobre o balcão.” (José de Alencar, A viuvinha))
4. Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito: Suas arrogâncias ultrapassam todo limite.
Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito.

sábado, 16 de março de 2013

Colecionando sorrisos

 (título plagiado da Lilisa!)

Hoje colecionei alguns sorrisos quando caminhava sob o sol fraquinho da manhã...
Minha filha mais nova me emprestou o i-pod pra caminhada... sorri ao perceber que ela tem uma pasta com MEU nome no i-pod DELA! :)
Na caminhada, sorri ao ouvir Bob McFerrin cantar Bob Marley - "... In every life we have some trouble. When you worry you make it double. Don't worry, be happy!"
Sorri ao me lembrar que meu marido chega hoje de viagem, depois de uma semana ausente,  e cheio de saudades e de novidades sobre seu CD!
Sorri também quando me peguei meio que nem aquela velhinha linda que dançava livre, leve e solta ao som de sua música preferida!
Sorri ao ver meu querido amigo Marquinhos no supermercado, quando lá passei pra comprar pão - afinal nada melhor do que um café com pão e manteiga! - e também ao escolher a batata, lembrando que vou comer o MEU purê no almoço! Yees!
E sorri ainda ao achar, lá no mercado mesmo, uma tesoura de frango (excelente!) como presente para a Lorena, que tem seu chá de panela hoje... não vou precisar mais sair de casa de manhã!
Já em casa, sorri ao ver, depois de anos, minha filha mais velha sentada ao piano tocando Bach! E sorri com vontade!!!!
Sorri ao beber meu café SENTADA, comendo meu pão com manteiga e lembrando com saudades da casa da minha vó!
Sorri ao ouvir, por meio do blog de um amigo, o Tim Maia cantando ao vivo "é primaveeeeeeera... te amo!", "ee eeeeeeu, gostava tanto de você-êê!", e também dizendo que ia parar de comer (!) e agradecendo seu vocal pela voz! Figura, esse Tim Maia!
Sorri ao perceber que a asinha de frango já estava temperada... era só colocar no forno!
Sorri quando a filha mais velha ligou dizendo que além do Luan, namorado da mais nova, a Cela e o Bruno também vinham almoçar! Saudades da Cela sumida!
E, apesar de o tênis de caminhada novo ter ficado pequeno com a palmilha ortopédica e o fio do fone da Juju ter agarrado na marcha do carro quando fui abrir a porta e ter arrebentado, constato mais uma vez que "é mesmo o simples que me faz sorrir!"

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Amanhã o corpo dirá!

 (ou "do dia em que eu resolvi me aventurar depois dos 45!")

(Em 23 de janeiro de 2013)

A irmã disse que eu precisava me aventurar, que era tranquilo, só tinha mulher com mais de quarenta, naquela fase em que a gente decide fazer o que quer e bem entende pra desopilar o fígado e ser feliz, e que o povo diga o que quiser...


Pois é, eu acreditei! E lá fui eu, principalmente para estar mais tempo com ela, vencendo aquela preguiça de sair de casa, creio eu que também parte da fase (a dos "quarenta", lembra? rs). Só me esqueci de dois detalhes, talvez bem importantes no momento: um que eu desisti do ballet com 4 anos de idade, quando mal havia começado, e dois que naquela mesma época a irmã prosseguiu e se tornou bailarina profissional...


Tranquilo! 

Tranquilo? 
Tranquilo... para bailarinas aposentadas, talvez! :)

Lição do dia: antes de acreditar que algo é "tranquilo", nunca deixe de avaliar contextos e circunstâncias,  principalmente se a situação envolver "performances" x idade!


Não sei se a coisa é pra rir ou pra chorar,  mas serviu para que eu percebesse definitivamente ("demorô", hein?!!) que minha flexibilidade não é, nem de loooonge, mais a mesma, e nem meu cérebro funciona mais com a mesma agilidade para memorizar em tão pouco tempo tantas sequências de movimentos como quando eu, como toda boa adolescente dos anos 80, fazia nas minhas aulinhas de jazz.


O marido ligou no final da aula e contei,  toda feliz: "acabei de fazer uma aulinha de ballet" (ou metade dela!)... e ouço uma "pergunta exclamativa" do outro lado: "Ballet?!!"... E o tom da voz foi suficiente para que eu começasse a pensar, não sem uma certa apreensão, qual seria o resultado da tal aventura!


Amanhã o corpo dirá... e aí eu conto pra vocês! ... rs


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ser livre!

A gente conquista uma porção significativa e deliciosa da liberdade do SER (o verbo mesmo, e não o substantivo) quando a gente aprende e se permite rir de nós mesmos... ainda mais quando estamos acompanhadas de irmãs bobas e igualmente livres! RÁ!